sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Doenças complexas têm tratamento no Lubango




A reabilitação e modernização do Hospital Central em 2008 permitiu a introdução de novos serviços clínicos

J.A. - André Amaro| Lubango - 29 de Setembro, 2010
Fotografia: Arimateia Baptista

Os pacientes com insuficiência renal, úlceras, tumores na próstata e outras doenças que antes eram tratadas em Luanda ou no exterior, já podem recorrer ao Hospital Central do Lubango para busca da cura.
A assistência especializada é possível com a nova tecnologia de ponta instalada no Hospital Central Dr. António Agostinho Neto devido às obras de reabilitação e modernização executadas em 2008.
Com a nova tecnologia é possível efectuar hemodiálise, todo o tipo de cirurgias e outros serviços sofisticados. Médicos angolanos, apoiados por especialistas cubanos e russos, estão a responder às necessidades dos doentes.
Neste momento, são prestados serviços nas áreas de cardiologia, ortopedia, gastrenterologia, dermatologia, neurologia, cirurgia pediátrica, urologia, radiologia, obstetrícia, medicina interna, cirurgia geral, estomatologia, neurocirurgia, oftalmologia e ginecologia.
Os serviços são assegurados por 68 médicos e auxiliados 309 enfermeiros, técnicos de laboratórios, instrumentistas, anestesistas e outros profissionais de saúde. O director clínico do Hospital Central do Lubango, Zola Diakusekele, disse que estão criadas no Lubango as condições para salvar vidas e poupar recursos gastos no exterior.
Afirmou que em breve são abertos novos serviços nas especialidades de hemodiálise, endocrinologia, gastrenterologia e oncologia.
A capacidade de internamento do hospital é de 522 camas e as doenças mais frequentes são a malária, tuberculose, poli traumatismo, meningite, acidentes celebram vasculares e hipertensão arterial.

Hospital e Universidade

As potencialidades tecnológicas, quadros qualificados e as excelentes instalações do Hospital Central do Lubango Doutor Agostinho Neto são aproveitados para a abertura de outros serviços. A instituição evolui para Hospital Geral com a abertura dos serviços pediátricos, numa primeira fase, para atender crianças da região centro e sul do país.
O director clínico do Hospital Central, Zola Diakusekele, explicou que os serviços pediátricos entram em funcionamento ainda no decorrer do presente ano, porque a instalação dos equipamentos está na fase final.
Zola Diakusekela sublinhou que depois da entrada em funcionamento da pediatria, o passo seguinte é a instalação da maternidade, cujo projecto é materializado no inicio do próximo ano.
Na vertente universitária, disse que está criado uma direcção pedagógica e científica que já trabalha com estudantes da Faculdade de Medicina do Lubango e da Universidade Piaget de Luanda. Zola Diaksekela afirma que o hospital do Lubango tem condições preparadas para facilitar o estágio de 80 estudantes do segundo ao sexto ano do curso de Medicina.
Apesar do hospital não ser concebido para prestar serviços universitários, as condições existentes estão adaptadas para facilitar aulas teóricas e práticas a estudantes de Medicina, garantiu.

Hospital escolar

A Faculdade de Medicina da Universidade Mandume Ya Ndemofayo e o Hospital Central do Lubango assinaram um protocolo para a formação de estudantes. O protocolo vai permitir realizar estágios do 2ª ao 6ª ano, trocar experiências com médicos e promoção de palestras. A decana da Faculdade de Medicina, Ana Geraldo, disse que o protocolo tem vantagens para as duas instituições.
"Os futuros médicos vão ter a oportunidade de estar em contacto com os doentes, fazer serviços de urgência, atendimento ambulatório, trabalho no bloco operatório e estudos nos cadáveres", sublinhou.
O director pedagógico para área científica do Hospital Central do Lubango, Martinho Angelino, disse que as condições fundamentais estão criadas para que os estudantes façam um estágio adequado e aprofundem as investigações científicas.
Os técnicos e médicos vão beneficiar de cursos de curta duração para actualização de conhecimentos, pós-graduação e aprofundar a investigação científica.

Faculdade e médicos

Além da Faculdade de Medicina do Lubango, a direcção do hospital recebeu os pedidos para estágio de estudantes da Faculdade Privada Piaget de Luanda (com cinco estudantes já a estagiar) e Universidade Privada de Angola.
Para Martinho Angelino este intercâmbio com as faculdades é benéfico na medida em que os futuros médicos vão aliar a teoria à prática e beber das experiências dos médicos cubanos e russos que trabalham no hospital.
A cooperação com algumas faculdades de Medicina vai permitir atrair mais médicos para o hospital, sobretudo nas especialidades que ainda se debatem com algumas carências. A entrada em funcionamento da Faculdade de Medicina do Lubango é importante para o sector da saúde na Huíla, uma vez que vai formar quadros para reforçarem os hospitais.
Concebido para funcionar com 192 médicos, o Hospital Central do Lubango tem apenas 68, distribuídos pelas especialidades de pediatria, ortopedia, cardiologia, urologia, nefrologia, neurologia, análises clínicas e oftalmologia.
O director Clínico do Hospital, Zola Diakusekela, disse que apesar do número de médicos estar aquém do necessário, os existentes conseguem cobrir as diferentes especialidades. Mas são necessários pelo menos 100 médicos para reforçar especialidades e aliviar a sobrecarga de trabalho dos profissionais.
O Hospital Central do Lubango é uma unidade de referência a nível nacional e tem prestado assistência médica e medicamentosa a pacientes de outras províncias.

Humanização dos serviços

As melhorias na assistência médica e medicamentosa aos pacientes motivaram a direcção do hospital a realizar as primeiras Jornadas Técnicas e Científicas que permitiram recolher os contributos necessários para a eficiência da assistência sanitária.
As jornadas decorreram sob o lema "Investigação e Pesquisa em Saúde, ao Serviço da Melhoria da Assistência Médica, Medicamentosas e Humanizada aos Utentes" e congregou especialistas de diferentes áreas de saúde da província.
Durante as jornadas, os participantes abordaram questões relacionadas com as medidas para a redução da mortalidade hospitalar, ética, humanização no processo educativo em medicina, politraumatismos, hipertensão arterial, alcoolismo, interacções medicamentosas, fisioterapia e a sua importância na sociedade e malária. Também reflectiram sobre a úlcera tropical, mortalidade por febre tifóide em crianças, tuberculose pulmonar, incidência da doença da mama, estudo da mortalidade por Sida.
O director pedagógico para a área científica do Hospital Central do Lubango, Martinho Angelino, disse que os temas debatidos reflectem as preocupações que os profissionais têm enfrentado no dia-a-dia.
Martinho Angelino considerou as jornadas um êxito, na medida em que permitiram aumentar os conhecimentos dos técnicos e adaptá-los as novas tecnologias, visto que o hospital beneficiou recentemente de obras de reabilitação e modernização.
As jornadas contaram com a participação de membros da Faculdade de Direito, Hospitais Pediátrico, Maternidade, Escola Técnica de Saúde, igrejas e outros parceiros que trabalham na assistência médica e medicamentosa.

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